Edmilson tem 38 anos, natural de Jacareacanga – Aldeia Sai Cinza, é da etnia munduruku, é agricultor, professor de Língua Materna Munduruku na Escola Nova Esperança, artesão e participa dos rituais da aldeia. Como professor, tem ajudado bastante no processo de revitalização da Língua Munduruku em Bragança. Para ele é importante fazer artesanatos, pinturas, participar de rituais, culminâncias, tudo o que aprendeu com os mais velhos para que os filhos também aprendam e possam dar continuidade aos saberes indígenas. Para que assim a cultura nunca morra.
Ele e sua esposa Odenilza Saw costumam fazer artesanatos com matéria quase 100% natural, tais como sementes, fibras, penas, cipós, entre outros.
Edmilson também sabe fazer pinturas corporais com tinta de jenipapo e urucum. Inclusive, cita que é importante conhecer o significado das pinturas, pois cada uma traz alguma mensagem. Além disso, a pintura é de origem da natureza e a natureza para ele é sagrada. Edmilson respeita muito a natureza: os rios, a floresta e os encantados.
Nas horas vagas faz farinha de subsistência, pesca e faz suas artes. Entre os artesanatos que costuma fazer, destaca-se aqui: colares, cocares, arcos e flechas. Além de fazer parte dos seus costumes, o “fazer artesanato” serve como fonte de renda.
Prof. Edmilson traz sua experiência no ensino da lingua Munduruku e também de canto (utilizando instrumentos como o maracá e o banjo). Seu conhecimento sobre as lendas Munduruku é uma de suas ricas contribuições para crianças, jovens e adultos da aldeia Bragança. Embalado pelo compromisso na divulgação de sua cultura, certa vez, Prof. Edmilson conta a origem do colar na tradição Munduruku:
"Era uma vez um guerreiro que tinha a sabedoria da arte de fazer colar. Um certo dia, ele com ciúmes da mulher resolveu pular de uma cachoeira bem alta para se transformar num peixe muito bonito: o aracu. Havia um rio debaixo dessa cachoeira onde as mulheres costumavam tomar banho e lá elas ficavam admirando os peixes bonitos que passavam. E a esposa desse guerreiro também fazia isso. Então, enciumado, querendo impressionar a esposa, resolveu pular da cachoeira para se transformar em um dos peixes e para assim tbm ser admirado por sua esposa. Mas ele era o único que sabia fazer colar, então antes de pular, entregou o seu colar para o irmão para a arte ou ensinamento do "fazer colar" não desaparecesse”. os ancestrais e assim não deixamos acabar.