Munduruku
artesanato e histórias
TI BRAGANÇA - MARITUBA, PARÁ
um jeito de
se encontrar

COORDENAÇÃO GERAL

profa. Teal Triggs
Royal College of Art

Este projeto reune sessenta habitantes Munduruku de uma aldeia em Bragança, ao longo do baixo Tapajós, Pará – um afluente do Amazonas – educadores de design da Universidade de Brasília e do Royal College of Art, com o objetivo de construir uma biblioteca virtual para o futuro. O projeto nasceu de um chamado feito pelo Cacique Domingos Munduruku, no qual desabafa sua preocupação com o futuro incerto e a falta de acesso à informação de seu povo. “Precisamos de um projeto para melhorar a comunicação... sabemos a importância da educação”. Tendo como ponto de referência a necessidade apontada pelo líder indígena, o projeto vem sendo desenvolvido, com a meta de construir a cooperação prática de comunicação e métodos de inclusão digital para fomentar novas formas de aprender e construir ao “redescobrir” as tradições artesanais locais e o conhecimento indígena.

Nadia Munduruku
Nádia se apresenta. Ela ressalta o fato de não ser originariamente do povo Munduruku, mas ter sido “adotada” por eles: veio para a aldeia porque se casou com Márcio, que conheceu durante o curso de formação de professores (na Universidade Federal do Oeste do Pará, em Santarém)."Foi amor à primeira vista. Comecei a namorar com ele, e ele é Munduruku, desta aldeia. Nós nos reunimos e tivemos nossa filhinha, e eu vim morar na aldeia. Então eu não sou Munduruku, sou um adotado”.Nádia tornou-se professora de artes na escola da aldeia. Ela diz: “Eu aprendo com eles mais do que eles aprendem comigo. Porque são eles que fazem arte, não eu, sou apenas uma mediadora”.
Cacique Orlando
Cacique Orlando lembra a todos que ninguém deve se apressar com o projeto:“Estou sempre observando o trabalho que vocês tem feito e não devemos correr. Só podemos avançar passo a passo, para chegar onde precisamos chegar.”
Roberto Munduruku
Para nós, na aldeia, isso é coisa de primeiro mundo. O projeto vai melhorar nossa vida como professores, na escola, e a vida dos alunos em especial. Tenho pesquisado em sites, na internet, nas redes sociais, e não há muita informação sobre o povo Munduruku disponível para subsidiar a pesquisa de nossos alunos e até mesmo de outras pessoas. É a primeira vez que vejo um projeto como este, uma excelente iniciativa. Se buscarmos informações, mesmo no google, encontramos muito pouco sobre o povo Munduruku aqui, no baixo Tapajós, na Amazônia. Então o projeto vai realmente melhorar as coisas para nós, os professores da escola, e para a aldeia como um todo: especialmente aqueles de nós que, no futuro, estudaremos para licenciaturas em história, português e nossa língua nativa. O projeto vai realmente fortalecê-los.
Darliane Munduruku
Gostaria de agradecer por nós termos sidos escolhidos para compartilhar com vocês esse momento, esse momento que vai ficar na história: a história do povo Munduruku de Bragança. Tudo o que produzirmos, tudo o que fizermos, ficará registrado para sempre. As pessoas que vierem depois de nós, e em outros lugares, aprenderão sobre o que nós fizemos, ne? Então eu quero agradecer. E eu também gostaria de conhecer vocês um dia também. Porque a gente mora em um lugar que é incrível, então onde tem de tudo, tudo que de bom, um lugar onde tem muita fartura, onde ainda podemos conviver uns com os outros, na tranquilidade do dia e da noite. E, principalmente, esta natureza que nos fortalece a cada dia. E com vocês lá, né? neste projeto acredito que será muito bom, muito importante para o fortalecimento da nossa identidade. Então, eu quero agradecer, muito obrigada –  e saúde pra todos nós. Que possamos viver e realizar muitos mais projetos, né?. Muito obrigada.
Dona Edna Munduruku (anciã)
Dona Edna se apresenta dizendo que está bem. Ela explica que esteve na aldeia, mas comenta que gostaria de estar em casa:“Estamos bem aqui em Santarém, graças a Deus […] estamos aqui mas queria estar em casa, em Bragança, é onde quero estar: então choro, e choro, porque queria estar na minha casa [… ] Estou bem, mas não estou em casa.”
PT
EN